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domingo, 3 de abril de 2011

Entrevista do homem mais influente do twitter à ISTOÉ


Homem mais influente do Twitter no mundo, o comediante admite que ultrapassa a linha do bom gosto e diz não fazer humor para o povão, confira a entrevista completa.

  Deu no "The New York Times": o comediante Rafinha Bastos é um sucesso. Gaúcho de 34 anos, o apresentador, segundo pesquisa publicada no jornal americano, ficou na primeira colocação do ranking das pessoas mais influentes do Twitter no mundo. Graças ao microblog, que comporta textos de até 140 caracteres, o brasileiro deixou para trás gente como Barack Obama e Lady Gaga. A lista levou em conta quanto é falado sobre o usuário e a quantidade de vezes em que as mensagens postadas por ele são retuitadas e mencionadas. Um dos apresentadores do "CQC", da Rede Bandeirantes, e do programa "A Liga", na mesma emissora, Rafinha carrega o mérito, também, de ser um dos pioneiros no stand up comedy no País, gênero de comédia popular nos Estados Unidos. Junto com dois sócios, patrocinou a inauguração do Comedians, teatro paulistano dedicado à stand up comedy. É dono, ainda, de um café voltado para o público gay. "Gosto de me ocupar", diz ele, que é formado em jornalismo, fez ponta de ator na tevê e, na época de vacas magras, foi locutor de histórias eróticas. Rafinha acaba de lançar o DVD de seu espetáculo "A Arte do Insulto". Foram suas piadas curtas e agressivas que o levaram ao topo da escala de influência.


ISTOÉ -

 O que significa o humor ser o assunto mais influente no Twitter?

RAFINHAS BASTOS -
O humor faz parte do nosso instinto, como o sexo, a violência. E o meu é rápido. Não sei contar piada de quatro minutos. Quando observo algo na rua, não crio uma anedota. O Twitter é uma ferramenta do tamanho da minha piada. Meu humor tem 140 caracteres, é dinâmico, autoral e criativo. Você não vai me ouvir contando uma piada e dizer: “Ah, essa já ouvi.” É isso que faz com que a informação que passo se propague.

ISTOÉ -
Considera-se um gênio da internet?

RAFINHAS BASTOS -
Quando morava em Porto Alegre, queria que a minha informação reverberasse entre meus amigos. Quando fazia piada na sala de aula e 30 pessoas riam, ficava feliz. Não perdi isso. Reconheço o valor que tenho por fazer uma informação bombar na internet. Eu tuito no “CQC”, na privada... Não existe uma pessoa que não cheque o Twitter enquanto faz cocô. Antigamente, existia revisteiro no banheiro; hoje tem Wi-Fi. Tenho orgulho por tudo ter acontecido sem nenhum freio, censura. Tudo o que aconteceu na minha vida saiu da minha cabeça. Ninguém me olhou, achou bonito ou me colocou no ar por ter dois metros de altura. Não sou filho de famosos, vim para São Paulo ferrado e as coisas deram certo por minha criatividade e por esse bichinho chamado internet. Não tem como não me sentir satisfeito e especial.

ISTOÉ -
O sucesso veio rápido na sua vida?


RAFINHAS BASTOS -
As coisas aconteceram rapidamente, mas não significa que trabalhei pouco. Com 17 anos, vendia camisa em shopping. Trabalhei em guarda-volumes de supermercado. E estagiei muito cedo enquanto fazia jornalismo. A semente do stand up comedy foi plantada por mim e mais cinco pessoas em São Paulo e quatro no Rio. Em 2004, de cada três sessões, a gente cancelava uma por falta de público. Foi um processo de descoberta e fracasso. Nessa época, cheguei a trabalhar em uma espécie de telessexo. Gravava histórias e diálogos eróticos. Era divertido e rendia R$ 150 por hora. Éramos três caras e três mulheres. Quando tinha de dialogar com um cara, aí era constrangedor. Fiquei seis meses lá. Pulei fora no dia em que criaram uma história de um travesti chamado Rafaela.

ISTOÉ -
Considera esgotadas outras fórmulas de comédia?


RAFINHAS BASTOS -
O humor de personagem, de imitação, que se faz no “Zorra Total” (Globo) e no “A Praça É Nossa” (SBT) tem um público grande e fiel. A piada no Nerso da Capitinga é repetitiva para que as pessoas saibam a hora de rir. Somos Terceiro Mundo ainda, culturalmente falando também. Um amigo que trabalhava no “Zorra Total” me contou que a maior crítica que recebiam era de que o humor deles era muito sofisticado! O Brasil é isso. Sinto orgulho de fazer parte de um movimento que veio quebrar essa corrente. Não desmereço o valor dos que viajam o Brasil fazendo rir. Mas é uma comédia voltada para o povão, ultrapassada. Não faço comédia para o povão e não farei.

ISTOÉ -
Ri com Jô Soares, “Casseta & Planeta”, Chico Anysio?


RAFINHAS BASTOS -
O Jô não me diverte. Uma comédia de valor é a do cara que desenvolve o texto. Eu era fã do “Casseta & Planeta” na época em que eles escreviam o “Planeta Diário”. Eu ria com “Os Trapalhões”. Eles eram muito à frente do seu tempo. Faziam piadas racistas, tiravam barato de nordestino. Coisas que, hoje, a patrulha do politicamente correto enche o saco. A comédia tem de incomodar, não pode ter limite. Se o Japão ruir e me der vontade de fazer uma piada, vou fazer. Quando faço piada de um cadeirante que está na plateia, ele se sente representado, e não tratado como diferente. Se falo do preto, do português, por que não falaria dele? Perguntei a cadeirantes se eles se sentiam ofendidos. Me responderam que são os primeiros a se sacanear. Quem se sente incomodado é a patrulha em volta do cadeirante. O preconceito é desse grupo, que acha que o cara não pode ouvir uma brincadeira.

ISTOÉ -
O que não tem graça?


RAFINHAS BASTOS -
Piadas daquelas “estava lá o português...” Não sei nem contar porque também não sei imitar. Me divirto com piadas que insultam. Coisa do judeu gaúcho, da grosseria. Às vezes, extrapolo. Já me arrependi – duas vezes e em um mesmo episódio. Estava gravando uma matéria no Beira-Rio (estádio do Internacional de Porto Alegre, time para o qual torce). Aí, joguei a bandeira do Grêmio no chão, pisoteei e rasguei. A cena não foi ao ar, mas foi fotografada. Minha família é do Sul e me preocupei com eles. Pedi desculpa pelo Twitter e me arrependi. Agi contra tudo o que prezo, fraquejei. Era uma piada, podia ser sem graça, agressiva.

ISTOÉ -
Você escreveu: “Não condenem o suicídio. Pense: se você fosse a Leila Lopes, o que você faria?”

RAFINHAS BASTOS -
O problema de episódios como o da Leila Lopes (atriz que se suicidou) não são as pessoas ficarem chateadas. É aparecer uma foto minha e da Leila Lopes, lado a lado, em um site de fofoca. Não quero estar ali! A rede social tem esse problema. A mídia se pauta muito por ela. E, às vezes, o que você diz vira notícia. Mas o que escrevo são coisas que digo no dia a dia. Me encheram o saco também quando escrevi que era muito difícil diagnosticar o Parkinson no Japão. A patrulha caiu de pau. Subi ao palco, naquele dia, e contei a mesma piada. E as pessoas riram, bateram palma, porque gostam da minha comédia e sabem que, às vezes, ultrapasso a linha do bom gosto mesmo. É essa minha autenticidade que gerou coisa positiva, a influência.

ISTOÉ -
Já passou apuros por isso?


RAFINHAS BASTOS -
Faço algumas piadas que envolvem a religião e, há dois anos, teve um grupo de jovens espíritas que veio me confrontar no final. Mas dois metros de altura e 110 quilos impressionam e ajudam nessas horas. E também facilitam para que os fãs mantenham distância. Quando não quero dar autógrafo, fã nenhum encosta em mim, puxa minha camisa ou me agarra. Por fazer comédia ácida, com sarcasmo e ser um cara grande, o fã já chega pedindo desculpas.

ISTOÉ -
Como lida com essa condição de celebridade?


RAFINHAS BASTOS -
Dar autógrafo é chato, mas faz parte. Há um ano, estava em um restaurante com a minha mulher e a Marisa Orth passou por nós e disse: “Tudo bom?” Tempos depois, em uma produtora, a Marisa veio falar comigo: “Tudo bom, Rafinha? Te vi no restaurante e você não me cumprimentou.” Respondi: “Sei quem você é, te acho legal, mas não te conheço.” E ela me disse: “Rafinha, você tem de entender que agora faz parte de uma coisa chamada famosolândia. E na famosolândia todos se conhecem.” Sei que sou celebridade, mas não entrei nessa para ser famoso. Não quero pagar de “tô nem aí para a popularidade”, porque é do c. ter duas mil pessoas em um show meu em Maceió. A tevê impulsiona a carreira, mas o que a cerca nunca foi o que quis. Mas entendo o processo e acho bundão artista que fala que paparazzi são uma raça escrota.

ISTOÉ -
É persona non grata para quem?


RAFINHAS BASTOS -
A Preta Gil não me suporta, mas não sei até que ponto é marketing. E o Bruno Mazzeo, ah, esse me odeia. Por quê? Porque ele é um bundão! Comediante, quando sacaneia o mundo, tem de ser o primeiro a aceitar piada. Aí, fiz uma brincadeira e ele não gostou, ficou p.! Tem um negócio patético que envolve artistas que são esses prêmios qualidade não sei o quê. Aí, tem artista que pede voto: “Gente, vote em mim como melhor comediante do prêmio tal.” O Mazzeo fez isso. É patético! Aí, zoei o cara, escrevendo: “Gente, ajudem o Bruno Mazzeo a se sentir um ser humano melhor. Votem nele.” Se eu sou um comediante que tira barato da mãe do outro, tenho de aceitar que estuprem minha mãe numa piada.

ISTOÉ -
Já perdeu amigo por isso?


RAFINHAS BASTOS -
Não. Mas, às vezes, familiares não gostam. Escrevi um dia: “Fui assistir ao filme ‘A Origem’. Na tela, era meu pai transando com a minha mãe.” Ela me ligou dizendo: “Rafa, acho que não é legal.” Engraçado que minha mãe me ouve falando de estupro e não se ofende. Mas quando a citei... esse é o problema da comédia. Minha mulher ouve os maiores absurdos. Um dia, com a minha mulher e o meu filho na plateia, falei no palco: “Muita coisa muda na cabeça de um homem a partir do momento que tem filho. Eu, por exemplo, agora sou a favor do aborto.” Ela fica feliz? Acho que não, mas entende.

ISTOÉ -
Como se vê como pai?


RAFINHAS BASTOS -
Sou um baita pai. Já estava pronto para isso. No segundo mês de gravidez da Junia, disse a ela que a gente não iria batizar o Tom (hoje com seis meses), que ele não teria religião. Queria que ele escolhesse o próprio futuro. Tenho orgulho de ter conhecido alguém que não seja contra isso. Eu e a Junia estamos juntos há sete anos, mas nunca casamos. Casamento é uma cerimônia ultrapassada. Minha mulher iria gostar de ganhar uma aliança, mas nunca me cobrou uma.

ISTOÉ -
É um marido ciumento?


RAFINHAS BASTOS -
Nunca fui. Já tomei chifre e não mudei. Quer estar comigo, beleza. Não quer? Tchau. Nunca fui infiel, mas o instinto do ser humano para daqui a 50 anos será o de não haver mais monogamia. A gente quer transar com todo mundo, mas ainda há travas e amarras morais, religiosas, que impedem. A minha opção é pela fidelidade. Claro que, quando vejo uma bunda na rua e digo que é gostosa, no fundo, a quero. Estou feliz com a minha mulher. Não a traio porque não iria me sentir à vontade de dormir no mesmo travesseiro de noite. Que coisa, pareço um bundão fazendo marketing de mim mesmo. Ninguém imagina que o cara mais f.d.p., que fala um monte de merda, seja fiel. Mas não sou louco, não fico chapadão, não me drogo.

ISTOÉ -
Conte um defeito seu.


RAFINHAS BASTOS -
Sou, às vezes, muito prepotente e arrogante. Por ter feito tudo sozinho, confiado muito nas minhas próprias ideias e elas darem certo, não ouço. É um defeito, mas não um problema. Não acho que deva perdê-lo. Talvez um dia essa arrogância possa me atrapalhar, mas foi ela que me trouxe até aqui. E não pretendo mudar tão cedo.

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